sábado, setembro 23, 2006

Outras Igrejas de Serpa (4)

Igreja de S. Roque
Nunca entrei nesta igreja, conheço-a apenas por fora, pequena e humilde, caiada de branco, situa-se nas imediações do Jardim Municipal, na Rua João de Deus, não quero no entanto deixar de registar a sua existência.
Igreja da Senhora da Saúde
Pois é, a Igreja da Senhora da Saúde fica… no cemitério. Construída no mesmo lugar onde antes se situava a Ermida de Santo André, dela se conhece a existência já em 1619, quando aos Paulistas foi autorizado erguer o seu Convento. Segundo a lenda, a construção desta igreja deve-se aos muitos milagres operados durante uma epidemia, deixarei no entanto os pormenores, para quando relatar todas as lendas que conheço referentes à Cidade de Serpa. A fachada é simples, com duas colunas jónicas a ladear a entrada, frontão clássico, coroada por um campanário e com quatro grandes torres, duas na fachada principal e outras duas nas traseiras, enquadrando toda a edificação. No interior, de uma só nave e abobada de berço, pode ainda vislumbrar-se o altar-mor de estilo barroco, com a riquíssima da talha dourada, que se repete no trono da virgem e nas molduras das seis telas, de autor desconhecido, que embelezavam a Igreja, hoje em estado de ruína total. Podem ainda apreciar-se alguns azulejos policromos do séc. XVII, que revestiam as paredes até à abobada. Tem ainda dois modestos altares laterais, sendo o da direita dedicado a Stº. André, o da esquerda, sempre repleto de ex-votos de cera, desconheço a que santo pertencia.

Outras Igrejas de Serpa (3)

Capela de Nossa Senhora dos Remédios
No sítio conhecido como de “Os Penedinhos”, a nordeste da Cidade encontra-se a Capela da Senhora dos Remédios, comemorada a dois de Fevereiro. Sabe-se por se encontrar registado em acta, que a cobertura desta Capela foi concluída no ano de 1689, após venda em hasta pública, das folhadas das vinhas, oferecidas para o efeito pelos mordomos da sua confraria. À sua construção está ligada uma lenda que a seu tempo irei contar.
Ermida de S. Brás
Já em terrenos da Serra de Serpa, a meio caminho entre a Cidade e o Pulo do Lobo, a modesta Ermida de São Braz, era alvo noutros tempos de uma grande romaria. Ainda me lembro da última romaria que se realizou na década de 60, deveria eu ser moça de uns dez ou doze anos. Com grande euforia mas sem as bulhas e lutas que tinham lugar noutros tempos, conforme os meus pais me contavam Lembro-me que havia carros de muares engalanados com flores e canas verdes, cheios de sorrisos de lindas moças, musica e alegria, ranchos de homens entoando as modas do Cante Alentejano. Foi uma festa muito bonita e que saudades. Como vai longe o tempo da minha mocidade !

Outras Igrejas de Serpa (2)

Ermida de S. Sebastião
Quem chega a Serpa vindo das bandas de Beja encontra junto à estrada mesmo à entrada de Serpa, uma pequena Ermida de traça mudéjar com alpendre a cobrir o pórtico. Não se conhece nada acerca da sua construção, que se calcula ser do séc. XVI. Nos idos dos anos 50 ainda se fazia a sua festa, não me lembro em que dia do ano.. A festa constava de procissão e os organizadores para angariar o dinheiro necessário vendiam fitinhas com pedidos de Graças que os devotos amarravam aos pulsos até receberem do santo a satisfação do milagre pedido.
Ermida de S. Pedro
No caminho que leva ao sitio da Fonte Nova, (Quinta da Fonte Nova a minha casa) depois de passar o Bairro operário, junto à piscina municipal, encontramos, sob a invocação do apóstolo São Pedro, uma pequena Ermida com as mesmas características da de S. Sebastião, presumindo-se datar também do séc. XVI, tendo à ilharga uma casa térrea, destinada ao ermitão. No dia de S. Pedro há alguns anos atrás havia grandes festas, com missa, procissão à volta da igreja e a culminar um bailarico popular no adro da Igreja. Também não faltava a venda de cabazes com fogaças (espécie de pão doce, ornamentado de amêndoas ou alcagoitas*) em forma de argola que as moças enfiavam no braço. *Alcagóitas, fruto seco a que também se dá o nome de ervilhanas, ou, mais comumente amendoins.

Outras Igrejas de Serpa (1)

A Igreja do Santuário.
Já antes me tinha referido a esta Igreja do Santuário, sita na confluência das Ruas da Barbacã, da Cadeia e do Escorregadio.
Foi sede da Ordem Terceira de Nossa Senhora do Monte do Carmo e nas instalações anexas, funcionou a Conferência de S. Vicente de Paulo, fundada em Paris em 23 de Abril de 1833. Esta organização que se dedicava à prática da caridade junto dos pobres foi trazida para Portugal por Francisco Lemos Faria Pereira Coutinho, 1º. Conde de Aljezur.
Desde há quase dois anos que se encontra em obras de recuperação.
A Igreja do Calvário
Na rua do Calvário existe uma pequena capela, conhecida pela Igreja do Calvário das Pedras Negras, por, nas suas paredes haver em saliência pedras pintadas de preto. Não se sabe a data da sua construção presumindo-se ser de meados dos séc. XVIII. As imagens que ali se encontram são todas referentes à paixão e morte de Cristo.
Nos anos 50 e 60 havia quem aliasse esta igreja a manifestações de bruxaria uma vez que se dizia, que em noites de sexta-feira eram vistas mulheres de negro ajoelhadas no pátio e que as mesmas seriam bruxas.
O povo andava em polvorosa mas, cada um tem a sua fé e nada ficou provado.

A Igreja de S. Salvador

Muito antiga, desconhece-se a data da sua construção, é porém já conhecida em 1406 quando da assinatura do compromisso dos colmeeiros da Serra de Serpa, que ali teve lugar, situava-se então no arrabalde da Vila. A fachada desta Igreja é simples, ornamentada apenas por duas janelas, clarabóia redonda e com uma escadaria de seis ou sete degraus de acesso à entrada, em forma de meia lua tem ainda uma torre sineira, quadrangular. O interior de uma só nave é coberto por grande abobada de berço, que vai desde a entrada até ao altar-mor. Tem seis capelas laterais, dois púlpitos e painéis de azulejos em branco e azul. Lembro que em criança ficava muitas vezes a olhar aquela abobada com pinturas religiosas porém, à cerca de vinte anos fiquei muito desiludida. Não sei de quem foi a ideia e se as pinturas existentes se estavam a deteriorar, o certo é que, em vez de obras de restauro optou-se pela solução mais fácil, pintando-se de branco as paredes e a abobada da Igreja, perdendo-se para sempre os frescos que a ornamentavam.

quinta-feira, setembro 21, 2006

A Igreja de Santa Maria

Situada no Largo dos Santos Próculo e Hilarião, (de que mais tarde contarei a lenda e mostrarei o portal de pedra da casa onde se crê terem vivido os ditos Santos), junto às muralhas do Castelo Velho, a Igreja Matriz de Santa Maria é uma igreja de três naves, separadas por arcos ogivais, apoiados em colunas geminadas coroadas por capiteis românicos, tem várias capelas laterais, sendo a capela-mor a casa tumular de Dª. Guiomar de Melo, camareira-mor da Imperatriz Isabel mulher de Carlos V de Espanha, esta capela ostenta ao alto da frontaria a brasão de Dª. Guiomar. Nesta Igreja podem ver-se ainda várias lages tumulares com brasões e respectivas inscrições que as identificam. Diz a tradição que a sua construção se deve ao Rei Lavrador, D. Diniz o mesmo que deu a Serpa o primeiro Foral, e mandou que se erguesse a grande cintura de Muralhas que cerca a cidade. A base desta Igreja estará assente nas ruínas de uma antiga Mesquita. A Fachada é simples, tendo apenas como guarnição dois botareus de pedra, encimadas pelas imagens dos Santos que dão nome ao largo, tem ainda uma robusta torre sineira de traça quadrangular. Acede-se ao Largo da Igreja através de uma escadaria “As escadas de Santa Maria” (foto 2) construídas no Séc.XVIII, a fim de facilitar o subir e descer da íngreme Ladeira que até então existia.

A propósito dos santos que ladeiam o portal conta-se a seguinte história: Era crença popular que um dos santos tinha o poder de prever o estado do tempo, uma vez que, ao mínimo sinal de humidade a sua cabeça escurecia. Era um milagre ! Ora a razão porque isto acontecia tinha uma explicação bem mais simples. Durante uma tempestade os ventos fortes fizeram cair e partir em mil bocados a cabeça do santo ficando a imagem privada daquela parte do corpo. Um artífice, bem intencionado moldou em gesso uma cabeça, colocando-a sobre o corpo mutilado. Não é preciso conhecer as leis da física para saber que o gesso com a humidade escurece. Mas vá lá ao povo crente, alguém contrariar a sua crença .
Agradeço a amável cedência de algumas destas fotografias a "Charquinho" "Serpa minha Terra" "Universos Assimétricos" blogues que recomendo assim como "O Parente da Refóias".

quarta-feira, setembro 20, 2006

O Altinho - A Ermida de S. Gens ou de N.S. Guadalupe

No cerro mais alto dos arredores de Serpa, a cerca de um quilómetro e meio de distância, fica a Ermida de S. Gens, (foto 1) onde residem, além do Santo que lhe dá o nome, S. Luís e Nossa Senhora de Guadalupe, a mais conhecida e de maior devoção do povo de Serpa.
A imagem que aqui se venera sob o nome de Guadalupe, pouco tem de semelhança com a da Virgem de Guadalupe que, em 1531, apareceu a um índio Azteca, no México dizendo chamar-se “Quatlasupe” que os espanhóis traduziram depois, para Guadalupe e que quer dizer na língua azteca, «Aquela que esmaga a serpente».
Abaixo reproduzimos as duas imagens a Portuguesa (foto 2) a Mexicana (foto 3)
Em 1946 mais propriamente em 1 de Dezembro, foi o Concelho de Serpa consagrado à Senhora de Guadalupe, pelo Arcebispo de Beja D. José do Patrocínio Dias. Tem esta capela um painel (ex-voto) em que se faz referência a um milagre da Senhora de Guadalupe, na pessoa de uma mulher, a avó “Trocanita”, a que me referirei quando mais adiante transcrever as “lendas”, que me contavam quando era criança.
Várias perspectivas da Ermida de S. Gens
Neste lugar existe uma “Atalaia” que, como tantas outras, outrora constituíam uma cintura defensiva de apoio ao Castelo, dizem mesmo que estavam ligadas entre si. Parecendo fazer parte integrante do conjunto de edificações da Ermida, esta atalaia serve de base ao “Vértice Geodésico” de 2ª ordem da Rede Nacional. Tipo de sinal: Bolembreano sobre atalaia sendo as coordenadas: Latitude 37º 55' 46,9'' N e Longitude: 7º 35' 36,5'' W – Altitude: Ortométrica=289m-Elipsoidal=344mA antiga atalaia ostentando o Vértice Geodésico no seu topo

terça-feira, setembro 19, 2006

O Convento de S. Francisco ou O Bom Pastor

Os Franciscanos, vieram para Portugal por volta de 1217, mas o Convento de Serpa só foi mandado construir em 1502, por ordem de D. Manuel I, distante meio quilómetro da Vila. De estreitas dimensões, tinha capacidade apenas para vinte religiosos Este Convento foi declarado monumento nacional em 31 de Dezembro de 1940.Existem várias pedras tumulares com brasões tanto dentro como fora da Igreja.
O portal é ogivado e, no encontro das nervuras, do lado esquerdo, vê-se a esfera armilar. A Igreja de uma só nave é coroada por abóbada de volta redonda. Na capela-mor existem painéis de azulejos policromos de grande beleza. A casa do capítulo que serve de sacristia está revestida a azulejos em azul e branco, que retratam passagens da vida de S. Francisco de Assis. De estilo gótico é decorado com elementos de estilo manuelino. O alpendre de abobada de nervuras e botareus cilíndricos rematados por corucheus cónicos, foi inspirado na Catedral de Santa Cecília de Albi. À entrada do Convento, existe um pequeno claustro com colunatas, que outrora foram de mármore. Depois dos Frades Franciscanos terem saído, o Convento passou a ser recolhimento de freiras, tendo também como missão o acolhimento de raparigas. Hoje, e após construção de novas instalações e infra-estruturas, foi dado a este espaço a nobre missão de acolher um lar de terceira idade, num ambiente familiar, prestando ainda serviços de acompanhamento domiciliar a idosos da região.

domingo, setembro 17, 2006

Os Chafarizes

De todos os Fontanários e Chafarizes que existiram em Serpa, poucos subsistiram ao decorrer do tempo. Tal como aconteceu ao Chafariz do Largo da Corredora, de que já falámos, também o do Largo 5 de Outubro, o Poço e a Nora de Santa Maria, sitos às Portas de Moura, a Fonte Santa, na rua com o mesmo nome junto ao Terreiro dos Palmas, a Bica da Barbacã, assim como o Fontanário do “Poço dos Cães” ao início da estrada de S. Braz, junto ao Campo de Futebol, desapareceram.
Dos Chafarizes que ainda existem o mais antigo é o do Largo do Corro, datado de 1887 (foto 2) o Chafariz do Largo do Salvador e o do Largo das Portas de Beja são ambos de 1904 (fotos 3 e 4) respectivamente. O que aparece na primeira fotografia situa-se no Largo das Portas e Moura, desconheço a data da sua construção mas como é igual ao das Portas de Moura, presume-se ser do mesmo tempo.
Os fontanários existentes na Rua de Serpa Pinto (foto 5) do Séc. XIX de alvenaria e pedra com bicas de bronze e o da Marreira (foto 6) datado de 1615, de alvenaria em que se destacam as armas reais.
Também ainda podemos encontrar a Fonte do Ortezim, (fotos 7 e 8) a nascente da cidade. Tem uma inscrição com a data da construção, que não se consegue ler mas da qual já se tinha conhecimento em 1625, é uma fonte de bicas a que se acede por uma escadaria de pedra uma vez que se situada abaixo do solo.



Graças ao meu amio Gualkim Palma aqui estão duas fotos de acima o já descrito "marco ou boneco da àgua" como todos lhe chamavam sito no Largo da Corredoura. Esta foto deve ter mais de 60 anos.
 Dos poços que abasteciam a antiga vila existem ainda o Poço Bom, na estrada de Beja e o Poço da Fonte Nova no local com o mesmo nome, assim como os depósitos da Cruz Nova e do Alto da Forca.

Os Museus da Cidade - O Museu de Arqueologia

Na Alcáçova do Castelo, a antiga casa do Governador, que nos anos 60 serviu de cadeia, situa-se hoje o Museu de Arqueologia. (foto 1) Do seu espólio constam materiais arqueológicos que vão desde o Paleolítico inferior à época Islâmica, oriundos na sua maioria das escavações feitas em quintas e montes da área do Concelho na Cidade das Rosas e no próprio Castelo.
Tem este Museu uma típica cozinha Alentejana (foto 4) com a sua chaminé poial das “enfusas” panelas de ferro, cadeiras de “buinho”, onde não faltam também o alguidar da “amassadura” a peneira, tabuleiro de madeira , pratos e panelas de barro etc. Na foto 3 podemos ver o local onde em tempos existiu uma cruz, cujos blocos de pedra que se encontram como podemos ver, espalhados pelo chão. Acima (foto2) a sala onde podemos apreciar o espólio do Museu, de que apresentamos algumas peças de entre as quais destacamos, uma tampa de sepultura (foto 6) e uma placa funerária (foto 8)