quinta-feira, dezembro 04, 2014

Desporto - 1


Comecemos pelo chamado desporto rei “O Futebol” Segundo o meu pai contava existiam em Serpa nos seus tempos de juventude, várias agremiações, entre elas “Os Trauliteiros” e “Os Gatos Amarelos”, rivais nas lides desportivas. Aos Gatos Amarelos pertenceu o meu pai nos idos dos anos 30 do Séc.. passado. Depois vieram “Os Encarnados” “O Luso” e “Os Azuis”, estes são aqueles de que me lembro ouvir o meu pai falar, embora saiba da existência ao longo dos tempos de outros clubes ou agremiações. Lembro também que por ser d’Os Azuis, o meu pai até aos anos 60/70, nunca pôs o pé na sociedade “Luso União Serpense” nem quando já com filhas crescidas que frequentavam o seu salão de baile as ia buscar (quais gatas borralheiras ao bater da meia noite). Mas voltando ao Futebol, integrou o meu pai como sócio fundador e jogador federado o grupo que em 1945 fundou o então Futebol Clube de Serpa de que foi sócio até aos anos 60. Dos primeiros tempos, dos tempos dos “Gatos Amarelos” contava com grande entusiasmo para além das vitórias (e algumas derrotas que as houve e muitas), a festa que era quando em dia de jogo a população ia em peso para as imediações do campo de futebol, sito num terreno baldio, não muito longe do local onde hoje se situa o Estádio, esperar os jogadores. O campo era careca, mas nem por isso o entusiasmo era menor. Os jogadores vinham equipados desde a Sede do Clube, correndo pelas ruas da vila, aplaudidos ou assobiados conforme as simpatias clubistas. O equipamento, bom, o equipamento se assim se pode chamar ao uso de cuecas e camisola interior, era branco. Mas, há sempre um mas, algum tempo depois tanto os jogadores como os adeptos foram confrontados com uma surpresa e que surpresa. Foi num domingo, quase à hora de mais um encontro, a outra equipa era de fora e os seus adeptos estavam preparados para desmotivar os de Serpa, ridicularizando-os por causa do equipamento. Foi então que no meio de grande euforia alguém (já não recordo o nome) entrou na Sede dos Gatos Amarelos, com grandes caixas onde eram transportados novinhos em folha os novos equipamentos, incluído “chuteiras”. Filiados no Clube do Norte, Porto o equipamento calções brancos, como os do Sport Lisboa e Benfica, camisola de riscas horizontais verde e branco como o Sporting Clube de Portugal. Foi o delírio total. O entusiasmo do meu pai ao contar-me este episódio era tal que, quase podia visualizar, não só a alegria do meu pai, que era evidente, como a alegria e admiração de todos aqueles que mais uma vez ladeavam as ruas por onde os jogadores passavam. Nesse dia ganharam no campo, na admiração dos adeptos e viram os adversários meter a língua no saco. O meu pai foi jogador de futebol até aos seus 30 ou 35 anos, ainda o vi jogar.