domingo, dezembro 03, 2006

Monumento a Camões

Este singelo monumento ao Poeta maior da lingua Portuguesa esteve desde a sua inauguração nos anos sessenta colocado frente ao edifício da Câmara Municipal porém com as obras efectuadas na referida praça, foi colocado junto ao Teatro Municipal. (por falar nas obras que a Praça da Républica sofreu devo dizer que ficou mais pobre a que deveria ser sala de visitas de Serpa, até o piso lhe deixaram desnivelado. É triste ver uma Praça que já teve Palmeiras e bancos de Jardim transformada em mera esplanada do Café Alentejano.

sábado, dezembro 02, 2006

Outra vez o Bairro Operário

Há já algum tempo publiquei fotos do Bairro Operário datadas dos anos sessenta pois bem aqui estão fotos do Bairro como hoje se encontra. Em primeiro plano o espelho de água que tanta beleza e serenidade transmite.

De novo o Museu Etnográfico

Imagens recolhidas no passado mês de Novembro em mais uma das minhas visitas a Serpa

As Chaminés de Serpa

domingo, outubro 01, 2006

O Cante

Depois de ouvido o quase murmurejar do Guadiana, junto às Pontes, e o seu canto enraivecido, qual Otelo ao sentir-se traído por Desdemona, no Pulo do Lobo, voltamos a Serpa. E ao cair da noite ouviremos as vozes, ao mesmo tempo graves e melodiosas, sofridas, rijas e fortes do Cante do Alentejo. No tempo da minha juventude, não raro se ouvia em Serpa, pela calada da noite, ou alta madrugada levantarem-se vozes cantando, mas ninguém se incomodava, antes pelo contrário, algumas janelas entreabriam-se para melhor se escutarem essas vozes.
Confesso que só mais tarde, longe, muito longe de Serpa reconheci a beleza do Cante Alentejano e aprendi o tom, as melodias, o quebrar das palavras, o arrastar das sílabas. Posso dizer que foi a saudade quem me ensinou. Corais de Serpa (fotos 1, 2 e 3)
Quem me dera ser de Serpa
Ou em Serpa ter alguém
Só para ouvir dizer
És de Serpa Cantas bem
Como ainda não sei colocar música no blogue deixo aqui algumas modas do Cante Alentejano, antigas, das de sempre.
E também descantes.
Lá vai o balão ao ar (descante)
Lá vai o balão ao ar!
Se ele vai, deixai-o ir !
Ajuntem-se as moças todas
P’ra verem o balão subir.
P’ra verem o balão subir,
P’ra verem o balão baixar
Ausentou-se o meu amor,
Já não há quem saiba amar!
Eu sou devedor à Terra
Eu sou devedor à terra
A Terra me ‘stá devendo
Eu sou devedor à Terra
A Terra me ‘stá
A Terra paga-m’em vida
Eu pago à terra em morrendo
Alentejo, Alentejo
Terra sagrada do pão
Eu hei-de ir ao Alentejo
Mesmo que seja no Verão
Ver o doirado do trigo
Na imensa solidão
Alentejo Alentejo
Terra Sagrada do Pão
Ao romper da bela aurora (moda)
Ao romper da bela aurora
Sai o pastor da choupana
Meu lírio roxo
Sai o pastor da choupana
Vem gritando em altas vozes
Muito padece quem ama
Meu lírio roxo
Muito padece quem ama
Muito padece quem ama
Mais padece quem adora
Meu lírio roxo
Muito pedece quem ama.
Não são de Serpa, são Alentejanos cantam bem e emocionam quem os ouve. Quero fazer aqui a minha homenagem aos mineiros de Aljustrel e ao Hino do Mineiro. Obrigada
O Hino do Mineiro
Nas minas de S.João
La la la la la la la la
Morrerom quatro mineiros, vê lá
Vê lá companheiro, vê lá
Vê lá como venho eu...
La la la la la la la la
Eu trago a camisa rota
La la la la la la la
E o sangue dum camarada, vê lá
Vê lá companheiro, vê lá
Vê lá como venho eu...
La la la la la la la la
La la la la la la la la
Oh Senhora Santa Bárbara
La la la la la la la la
Padroeira dos mineiros, vê lá
Vê lá companheiro
Vê lá como venho eu...
La la la la la la la la
La la la la la la la la
Eu trago a cabeça aberta
La la la la la la la la Abateu uma barreira, vê lá
Vê lá companheiro, vê lá
Vê lá como venho eu...
La la la la la la la la
La la la la la la la la
Eu trago a camisa rota
La la la la la la la la
E o sangue dum camarada, vê lá
Vê lá companheiro, vê lá
Vê lá como venho eu...
La la la la la la la la
La la la la la la la la
Oh Senhora Santa Bárbara
La la la la la la la la
Padroeira dos mineiros, vê lá
Vê lá companheiro
Vê lá como venho eu...
La la la la la la la la
La la la la la la la la

domingo, setembro 24, 2006

O Pulo do Lobo

E sem dar por isso já estamos no Pulo do Lobo. A paisagem é agreste, brutal mas maravilhosamente bela, como todas as paisagens ainda virgens. E a água do Rio Guadiana que sentindo-se apertado entre as margens comprimidas, zanga-se, barafusta e sai com um grande estrondo que nos assusta, mas também nos seduz, extasia e nos esmaga com a sua beleza selvagem. A última vez que estive no Pulo do Lobo foi, à sombra da árvore que na primeira foto aparece caída, que fizemos o almoço. Foi com mágoa que a vi assim, caída no chão, arrancada pela raiz.
Das grutas escavadas nas rochas, uma há, de difícil acesso, a que só se atreviam noutros tempos aqueles que faziam do contrabando a sua profissão. Dizem, pois nunca me atreveria a descer até lá, que as águas do rio escavaram e moldaram toscos bancos de pedra dizem até que uma das rochas que se assemelha a uma mesa, é a chamada “Sala dos Contrabandistas”, quanto a mim é a mais uma vez a natureza a ajudar os humanos.

A Serra de Serpa

Sempre descendo o rio deixando para trás as suas águas calmas e já em terras da Serra de Serpa a paisagem muda completamente. Quem saindo de Serpa toma a estrada de S. Brás e se embrenha na Serra, passando a Ribeira de Limas, pode saciar a sede na água fresca da Fonte da Silvestra, beber um café na teberna da Neta ou seguir em frente onde nos damos conta da mudança da paisagem.
A paisagem, e a flor de esteva, autóctone da Serra de Serpa

As Pontes do Guadiana

O Guadiana é vê-lo calmo, sereno, ondulando por entre as pontes, a de ferro, centenária, por ela passavam até há cerca de 30 anos, a autómotora, todo o tipo de veículos, pessoas e gado. Enquanto uns passavam ou outros tinham de interromper a sua marcha, não só para passar o combóio, como também para passar á vez, de Beja para Serpa ou de Serpa para Beja, pois não podiam cruzar-se a velhinha ponte não tinha largura para isso. E havia o apeadeiro *
O edificio do apeadeiro do Guadiana não só servia de entreposto para entrada e saída de passageiros na automotora que fazia o percurso do ramal de Beja a Moura, como era morada da pessoa ou pessoas que controlavam a passagem dos veículos, que atravessavam a ponte, de uma margem para a outra.
Então, no princípio da década de 70 deu-se início à construção da ponte rodoviária de que se sentia a falta há muito tempo.
*As fotografias do apeadeiro do Guadiana (roubei-as) do site “bolotaonline” que se apresentou desactivado e sem possibilidade de solicitar a devida autorização para reproduzir as fotografias, assim peço desculpa a quem de direito, mas não consegui fugir à tentação.

O Rio Guadiana

Depois de ruas, igrejas, cantos e recantos monumentos e Jardins, vamos sair da cidade. Visitaremos primeiro a agua, que é como quem diz o Guadiana. Passando a alguns quilómetros da cidade, não deixa por esse facto, de banhar terras de Serpa
O Rio Guadiana
Descendo o rio encontramos as velhas azenhas ou moinhos do Guadiana, não se sabe quando foram construídas mas moeram o trigo até há bem pouco tempo.
Os moinhos ou Azenhas do Guadiana

sábado, setembro 23, 2006

Outras Igrejas de Serpa (4)

Igreja de S. Roque
Nunca entrei nesta igreja, conheço-a apenas por fora, pequena e humilde, caiada de branco, situa-se nas imediações do Jardim Municipal, na Rua João de Deus, não quero no entanto deixar de registar a sua existência.
Igreja da Senhora da Saúde
Pois é, a Igreja da Senhora da Saúde fica… no cemitério. Construída no mesmo lugar onde antes se situava a Ermida de Santo André, dela se conhece a existência já em 1619, quando aos Paulistas foi autorizado erguer o seu Convento. Segundo a lenda, a construção desta igreja deve-se aos muitos milagres operados durante uma epidemia, deixarei no entanto os pormenores, para quando relatar todas as lendas que conheço referentes à Cidade de Serpa. A fachada é simples, com duas colunas jónicas a ladear a entrada, frontão clássico, coroada por um campanário e com quatro grandes torres, duas na fachada principal e outras duas nas traseiras, enquadrando toda a edificação. No interior, de uma só nave e abobada de berço, pode ainda vislumbrar-se o altar-mor de estilo barroco, com a riquíssima da talha dourada, que se repete no trono da virgem e nas molduras das seis telas, de autor desconhecido, que embelezavam a Igreja, hoje em estado de ruína total. Podem ainda apreciar-se alguns azulejos policromos do séc. XVII, que revestiam as paredes até à abobada. Tem ainda dois modestos altares laterais, sendo o da direita dedicado a Stº. André, o da esquerda, sempre repleto de ex-votos de cera, desconheço a que santo pertencia.

Outras Igrejas de Serpa (3)

Capela de Nossa Senhora dos Remédios
No sítio conhecido como de “Os Penedinhos”, a nordeste da Cidade encontra-se a Capela da Senhora dos Remédios, comemorada a dois de Fevereiro. Sabe-se por se encontrar registado em acta, que a cobertura desta Capela foi concluída no ano de 1689, após venda em hasta pública, das folhadas das vinhas, oferecidas para o efeito pelos mordomos da sua confraria. À sua construção está ligada uma lenda que a seu tempo irei contar.
Ermida de S. Brás
Já em terrenos da Serra de Serpa, a meio caminho entre a Cidade e o Pulo do Lobo, a modesta Ermida de São Braz, era alvo noutros tempos de uma grande romaria. Ainda me lembro da última romaria que se realizou na década de 60, deveria eu ser moça de uns dez ou doze anos. Com grande euforia mas sem as bulhas e lutas que tinham lugar noutros tempos, conforme os meus pais me contavam Lembro-me que havia carros de muares engalanados com flores e canas verdes, cheios de sorrisos de lindas moças, musica e alegria, ranchos de homens entoando as modas do Cante Alentejano. Foi uma festa muito bonita e que saudades. Como vai longe o tempo da minha mocidade !

Outras Igrejas de Serpa (2)

Ermida de S. Sebastião
Quem chega a Serpa vindo das bandas de Beja encontra junto à estrada mesmo à entrada de Serpa, uma pequena Ermida de traça mudéjar com alpendre a cobrir o pórtico. Não se conhece nada acerca da sua construção, que se calcula ser do séc. XVI. Nos idos dos anos 50 ainda se fazia a sua festa, não me lembro em que dia do ano.. A festa constava de procissão e os organizadores para angariar o dinheiro necessário vendiam fitinhas com pedidos de Graças que os devotos amarravam aos pulsos até receberem do santo a satisfação do milagre pedido.
Ermida de S. Pedro
No caminho que leva ao sitio da Fonte Nova, (Quinta da Fonte Nova a minha casa) depois de passar o Bairro operário, junto à piscina municipal, encontramos, sob a invocação do apóstolo São Pedro, uma pequena Ermida com as mesmas características da de S. Sebastião, presumindo-se datar também do séc. XVI, tendo à ilharga uma casa térrea, destinada ao ermitão. No dia de S. Pedro há alguns anos atrás havia grandes festas, com missa, procissão à volta da igreja e a culminar um bailarico popular no adro da Igreja. Também não faltava a venda de cabazes com fogaças (espécie de pão doce, ornamentado de amêndoas ou alcagoitas*) em forma de argola que as moças enfiavam no braço. *Alcagóitas, fruto seco a que também se dá o nome de ervilhanas, ou, mais comumente amendoins.

Outras Igrejas de Serpa (1)

A Igreja do Santuário.
Já antes me tinha referido a esta Igreja do Santuário, sita na confluência das Ruas da Barbacã, da Cadeia e do Escorregadio.
Foi sede da Ordem Terceira de Nossa Senhora do Monte do Carmo e nas instalações anexas, funcionou a Conferência de S. Vicente de Paulo, fundada em Paris em 23 de Abril de 1833. Esta organização que se dedicava à prática da caridade junto dos pobres foi trazida para Portugal por Francisco Lemos Faria Pereira Coutinho, 1º. Conde de Aljezur.
Desde há quase dois anos que se encontra em obras de recuperação.
A Igreja do Calvário
Na rua do Calvário existe uma pequena capela, conhecida pela Igreja do Calvário das Pedras Negras, por, nas suas paredes haver em saliência pedras pintadas de preto. Não se sabe a data da sua construção presumindo-se ser de meados dos séc. XVIII. As imagens que ali se encontram são todas referentes à paixão e morte de Cristo.
Nos anos 50 e 60 havia quem aliasse esta igreja a manifestações de bruxaria uma vez que se dizia, que em noites de sexta-feira eram vistas mulheres de negro ajoelhadas no pátio e que as mesmas seriam bruxas.
O povo andava em polvorosa mas, cada um tem a sua fé e nada ficou provado.

A Igreja de S. Salvador

Muito antiga, desconhece-se a data da sua construção, é porém já conhecida em 1406 quando da assinatura do compromisso dos colmeeiros da Serra de Serpa, que ali teve lugar, situava-se então no arrabalde da Vila. A fachada desta Igreja é simples, ornamentada apenas por duas janelas, clarabóia redonda e com uma escadaria de seis ou sete degraus de acesso à entrada, em forma de meia lua tem ainda uma torre sineira, quadrangular. O interior de uma só nave é coberto por grande abobada de berço, que vai desde a entrada até ao altar-mor. Tem seis capelas laterais, dois púlpitos e painéis de azulejos em branco e azul. Lembro que em criança ficava muitas vezes a olhar aquela abobada com pinturas religiosas porém, à cerca de vinte anos fiquei muito desiludida. Não sei de quem foi a ideia e se as pinturas existentes se estavam a deteriorar, o certo é que, em vez de obras de restauro optou-se pela solução mais fácil, pintando-se de branco as paredes e a abobada da Igreja, perdendo-se para sempre os frescos que a ornamentavam.