quinta-feira, dezembro 04, 2014

Desporto - 1


Comecemos pelo chamado desporto rei “O Futebol” Segundo o meu pai contava existiam em Serpa nos seus tempos de juventude, várias agremiações, entre elas “Os Trauliteiros” e “Os Gatos Amarelos”, rivais nas lides desportivas. Aos Gatos Amarelos pertenceu o meu pai nos idos dos anos 30 do Séc.. passado. Depois vieram “Os Encarnados” “O Luso” e “Os Azuis”, estes são aqueles de que me lembro ouvir o meu pai falar, embora saiba da existência ao longo dos tempos de outros clubes ou agremiações. Lembro também que por ser d’Os Azuis, o meu pai até aos anos 60/70, nunca pôs o pé na sociedade “Luso União Serpense” nem quando já com filhas crescidas que frequentavam o seu salão de baile as ia buscar (quais gatas borralheiras ao bater da meia noite). Mas voltando ao Futebol, integrou o meu pai como sócio fundador e jogador federado o grupo que em 1945 fundou o então Futebol Clube de Serpa de que foi sócio até aos anos 60. Dos primeiros tempos, dos tempos dos “Gatos Amarelos” contava com grande entusiasmo para além das vitórias (e algumas derrotas que as houve e muitas), a festa que era quando em dia de jogo a população ia em peso para as imediações do campo de futebol, sito num terreno baldio, não muito longe do local onde hoje se situa o Estádio, esperar os jogadores. O campo era careca, mas nem por isso o entusiasmo era menor. Os jogadores vinham equipados desde a Sede do Clube, correndo pelas ruas da vila, aplaudidos ou assobiados conforme as simpatias clubistas. O equipamento, bom, o equipamento se assim se pode chamar ao uso de cuecas e camisola interior, era branco. Mas, há sempre um mas, algum tempo depois tanto os jogadores como os adeptos foram confrontados com uma surpresa e que surpresa. Foi num domingo, quase à hora de mais um encontro, a outra equipa era de fora e os seus adeptos estavam preparados para desmotivar os de Serpa, ridicularizando-os por causa do equipamento. Foi então que no meio de grande euforia alguém (já não recordo o nome) entrou na Sede dos Gatos Amarelos, com grandes caixas onde eram transportados novinhos em folha os novos equipamentos, incluído “chuteiras”. Filiados no Clube do Norte, Porto o equipamento calções brancos, como os do Sport Lisboa e Benfica, camisola de riscas horizontais verde e branco como o Sporting Clube de Portugal. Foi o delírio total. O entusiasmo do meu pai ao contar-me este episódio era tal que, quase podia visualizar, não só a alegria do meu pai, que era evidente, como a alegria e admiração de todos aqueles que mais uma vez ladeavam as ruas por onde os jogadores passavam. Nesse dia ganharam no campo, na admiração dos adeptos e viram os adversários meter a língua no saco. O meu pai foi jogador de futebol até aos seus 30 ou 35 anos, ainda o vi jogar.

quarta-feira, dezembro 07, 2011

sexta-feira, outubro 22, 2010

domingo, junho 20, 2010

Homenagem a Saramago - Extraído

do livro: Viagem a Portugal
…………………………………………............................................... O viajante dormirá neste sitio de S. Gens, perto de Serpa. Há, aqui para trás, uma Ermida de Nossa Senhora de Guadalupe. O que tem pra ver, vê-se por fora. Não é como a paisagem que diante dos olhos do viajante se alonga. Essa quer que a vejam por dentro. É uma distância de árvores e colinas quase rasas, simples cômoros que se confundem com a planície. Já se pôs o Sol, mas a planície não se apaga. Cobre o campo uma cinza dourada, depois empalidece o ouro, a noite vem devagarinho do outro lado, acendendo as estrelas. Chegará mais tarde a Lua, e os mochos chamarão uns pelos outros. O Viajante, diante do que vê, sente vontade de chorar. Talvez tenha pena de si mesmo, desgosto de não ser capaz de dizer em palavras o que esta paisagem é. E diz apenas assim: esta é a noite em que o mundo pode começar.
………………………………………………….....................……..........................… Quando o viajante acordou e abriu a janela do quarto, o mundo estava criado. Era cedo, ainda vinha longe o Sol. Nenhum lugar pode ser mais serenamente belo, nenhum o será com meios mais comuns, terra larga, árvores, silêncio. O viajante tendo assim estas coisas estimado com o seu saber de muita experiência feito, pôs-se à espera de que o Sol nascesse. Assistiu a tudo, à transformação da luz, à invenção da primeira sombra e do canto da primeira ave, e foi o primeiro a ouvir uma voz de mulher, vinda do invisível, dizendo esta frase simples: «Vai estar outro dia de calor.» Proféticas palavras, como o viajante viria a saber à sua custa.
....................................................................

(esta é a paisagem descrita por Saramago)

quinta-feira, maio 13, 2010

Serpa para sempre

Há quem afirme que as pedras falam. Eu quase diria o mesmo ao observar este arco das muralhas de Serpa cujas marcas nos transmitem as imensas histórias de que foram testemunhas. O Arco das Portas de Moura, embora despojado das madeiras que em tempos serviram para impedir o acesso dos inimigos ou para franquear a entrada aos amigos, pois há muito se lhes perderam o rasto, ainda são visives os sitios onde se colocavam as trancas de segurança das portas.

quarta-feira, maio 12, 2010

Serpa para sempre

Rua dos Canos nº. 24, bem vistas as coisas o nº. 24 já não existe a porta encontrei-a agora fechada.
Uma parede tapa a porta de acesso à casa onde moraram desde meados do séc XIX, primeiro os meus bisavós paternos e que mais tarde seria também a casa da minha avó e filhos quando o meu avô partiu para Africa. Meu pai viveu e cresceu naquela casa até aos 15/16 anos.
Mais tarde por volta de 1935 ficando a casa vaga para alí se mudariam os meus avós maternos, com o seu rancho de 5 filhos o mais novo dos quais com 4 anos.
Na sala cuja janela se vê no primeiro andar e que na época pertencia a uma sociedade recreativa teve lugar a boda de casamento dos meus pais no dia 2 de Dezembro de 1944, estava-se então em plena guerra mundial e vivia-se em Portugal o chamado período de racionamento.
O portão de madeira pintado de verde que dava acesso ao quintal parece ser o mesmo, embora se apresente agora castanho. Totalmente caiadas as umbreiras que eram de pedra assim como o poial, agora remendos que desvirtuam a fachada original, que pena não o terem deixado ficar. Aquele poial, o original dava não só uma graça romantica com o seu desnível do lado esquerdo, como era a testemunha singular das muitas entradas e saídas, quando por volta dos séculos XVII/XVIII, servia de passagem a quem se dirigia ao Hospital da Misericórdia que alí existia. Nesta casa, com o seu grande quintal onde sobressaíam dois enormes pessegueiros e uma roseira de bonitos cachos de flores brancas miudinhas que exalavam na primavera um perfume maravilhoso, viveram-se dramas e alegrias histórias de três gerações da minha familia de que sou a fiel depositária. Fecho os olhos e ainda consigo visualizar todos os seus recantos.
Até mesmo aquele portão me faz recordar o meu primeiro beijo (roubado pelo meu atrevido namorado).

segunda-feira, maio 10, 2010

Serpa para sempre

Mas paralela ao Quebra Costa (publicado abaixo) também existe em Serpa a Rua Ajudante da Terra, desconheço quem a baptizou com este nome porém já assim se chamava em 1838.
Situa-se entre a Rua de Santo António e a Rua do Prego.

Serpa para sempre

Serpa embora seja uma cidade quase plana, eu disse quase porque mesmo as ladeiras não são ingremes, tem esta Travessa a que acharam por bem denominar por "Travessa do Quebra Costa" a inclinação não é muita mas as pedras devem ser escorregadias principalmente se molhadas da chuva devido ao polimento da sua calçada. O nome desta artéria já é conhecido desde 1838.

Serpa para sempre

Rua de Santo António nº. 27.
Há pouco afirmei que conheço as ruas de Serpa como as palmas das minhas mãos é verdade, mas há pormenores que por vezes nos escapam, outras nos saltam à vista como se nunca os tivessemos olhado.
Reparem no pormenor da antiga cantaria do portal desta casa e na grossura que sucessivas camadas de cal tem vindo, ao longo dos anos, engrossar as suas paredes. Lindo não é?

Serpa para sempre

Largo das Portas de Moura. Na casa com o nº 12, vivi com os meus pais dos 5 aos 8 anos de idade. Éramos na vizinhança várias crianças mais ou menos das mesmas idades e engraçado, apesar das diferenças sociais, que naquele tempo marcavam ricos e pobres na rua eramos iguais. Lembro-me da Leopoldina (a Pódinita) e da Mariazinha filhas do patrão do meu pai, da Celeste, filha dos senhores que eram forneiros, no forno de pão que havia mesmo junto às muralhas, da Zétinha que vivia na casa mesmo em frente da minha e era a mais velha de todos, eu a minha irmã Lourdes e os meus primos. A Rosinda, filha da minha tia Bia irmã de meu pai, o Manuel, ou como era mais conhecido o Manelito, Edmundo e Zulmira filhos de uns primos irmaos do meu pai mas a quem chamavamos tios, tio Eliseu e a tia Ana Teresa. A Zulmirinha era mais pequenida de todos.
Do Grupo fazia ainda parte uma miuda que morava na Rua de Santo António de quem já não recordo o nome, e uma filha do Sr. Taquelim.
No verão podiamos bricar na rua pois não havia movimento automóvel .
"Minha mãe dá licença" o jogo do "Lencinho queimado" ou o "Jogo das estátuas" eram as nossas brincadeiras preferidas.
Também nesta casa acontecerem vários episódios engraçados que mais tarde contarei

Serpa para sempre

Há muito tempo que não publico nada neste meu blogue, tenho visitado Serpa mas tipo visita de médico o que me deixa muito pouco tempo para fotografar lugares, porém na semana passada foi-me possivel ficar de um dia para o outro.
A principal razão era visitar a campa de meus pais, e mais familiares onde não ia há já alguns anos.
Cumprida a missão que alí me levou, deambulei pelas ruas que conheço como as palmas das minhas mãos, porém há sempre um recanto diferente um arranjo de rua, um espaço ajardinado, ou um pormenor que me tem escapado. Então deixo aqui as fotos que desta vez fui tirando ao calcorrear aquela que é a minha amada Serpa.
Creche Nossa Senhora da Conceição doado por Dª Ana Izabel de Araújo Parreira, à Diocese de Beja. Situa-se no Largo das Portas de Moura a dois passos ou melhor duas portas depois da casa onde morei dos 5 aos 8 anos. Aliás tenho dois episódios na minha vida relacionados com a Creche. O primeiro foi quando tinha os meus 6 anos e quiz porque quiz frequentar a creche onde havia quem ensinasse a bordar. Comprada a cadeira a tesoura agulhas e linhas de bordar e levando também um pano de tabuleiro desenhado pelo meu pai, apresentei-me na Creche mas... azar dos azares, logo no primeiro dia piquei o dedo indicador mesmo junto à unha tendo como resultado uma infecção que só passou com papas de leite quente colocadas em compressa. Resultado só lá fui um dia não tive mais interesse em picar outros dedos.
O segundo episódio aconteceu por alturas de Maio, no dia da 1ª comunhão e do crisma, sim porque também vivi essas etapas na minha vida (embora anos mais tarde, hoje, me considere agnóstica). Como ia contando era Domingo, de manhã na Missa resada na Igreja de Salvador tinha sido celebrada a comunhão e o crisma, de muitas crianças, pelo Bispo creio que de Beja a que se seguiu na Creche, um almoço para todas as crianças que tinham sido crismadas, o qual se prolongou pela tarde. Ora nesse mesmo dia realizava-se um jogo de futebool entre o Serpa e o Almada (creio que já me referi a este episódio um texto mais abaixo).
O meu pai foi buscar-me à festa e toda a familia se dirigiu para o Estádio para assistir ao encontro.
O Serpa (Clube de Fotebool) perdeu 7-0 e Serpa população, perdeu também porque, a carga de pancadaria perpretada pela Guarda Republicana a cavalo à saída do estádio, não estava prevista pelos adeptos que nada puderam fazer senão fugir.
Foi brutal não respeitando nem mulheres nem crianças, lembro-me que nem o Presidente da Câmara escapou.

sábado, novembro 10, 2007

Ermida de Santana

Volto hoje às Ermidas que populam nas imediações de Serpa para responder a um meu conterraneo o Camaramam metalico que ao visitar este blogue não encontrou a Ermida a que mais ligado está uma vez que nasceu naquela zona. Ermida de planta longitudinal composta por nave e capela-mor, do lado esquerdo, o baptistério, e do lado direito, a sacristia, no topo da nave, duas capelas laterais formam cruzeiro. Situada em ambiente rural, numa elevação sobranceira à Estrada Nacional que liga Serpa e Beja, implantada em terreiro parcialmente calcetado e antecedida de cruzeiro de alvenaria com cruz de ferro. Arco triunfal de volta perfeita assente em pilastras, que dá acesso à capela-mor, coberta por abóbada de berço arrancando de cornija. Paredes cobertas parcialmente por pinturas murais. Altar-mor antecedido por degrau em cantaria. Do lado da Epístola abre-se a porta de acesso à sacristia de inícios do sec XVI. A imagem da padroeira, notável exemplar da escultura maneirista de inícios do séc. XVII, encontra-se depositada na Residencia Paroquial em Serpa.

quarta-feira, julho 18, 2007

O Desporto - 2

1956/57 O Futebol Clube de Serpa Campeão Nacional da 3ª. Divisão.
Volto ao Futebol para contar aquilo de que muita gente ainda se deve lembrar, quando na época de 1957/58 o Serpa defrontou o Campeão Nacional da época 55/56 o Almada. Lembro-me de ter ido assistir ao jogo de futebol, levada pelo meu pai, no mesmo dia em que tinha feito a comunhão, devia portanto ser o mês de Maio. Sei que o Serpa perdeu 7-0, mas o pior foi o que nos esperava no fim do jogo. Quando o jogo terminou abertas que foram as portas, nas já actuais instalações desportivas, qual não foi o espanto dos adeptos quando são recebidos com uma carga da GNR a cavalo, que não respeitou ninguém homens, mulheres e crianças. Apenas escaparam às vergastadas da GNR, aqueles que num pé ligeiro se conseguiram abrigar no Jardim Municipal, o que foi o meu caso e da minha familia. Nunca tal se tinha visto em dia de festa, após um acto desportivo. Ao Hospital chegaram cabeças e braços partidos, crianças choravam pelos pais e nem o Presidente da Câmara escapou. Espectáculo degradante. Foi o último jogo de futebol a que o meu pai, Campeão Distrital 47/48, assistiu ao vivo, no campo do Serpa.

Desporto - O Foot-boll


Comecemos pelo chamado desporto rei “O Futebol” . Segundo o que meu pai contava existiam em Serpa nos seus tempos de juventude, várias Agremiações Desportivas, entre elas “Os Trauliteiros” e “Os Gatos Amarelos”, rivais nas lides desportivas. Aos Gatos Amarelos pertenceu o meu pai nos idos dos anos 30 do Séc. passado.
Mais tarde foi a vez do "Club de Fôot-boll Serpense os Encarnados” , “O Luso” e “Os Azuis”, estes são aqueles de que me lembro ouvir o meu pai falar, embora saiba da existência ao longo dos tempos de outros clubes ou agremiações. Tenho uma vaga ideia de que os "Encarnados" teriam dado lugar aos "Azuis" mas já não posso precisar com segurança. Lembro no entanto que, por ser sócio d’Os Azuis", eterno rival do "Luso", o meu pai, nos anos 60/70, ainda não punha os pés na sociedade “Luso União Serpense” nem mesmo quando, com filhas já crescidas que frequentavam o salão de baile ali existente, as ia buscar (quais gatas borralheiras ao bater da meia noite). Mas voltando ao Futebol, integrou o meu pai, como sócio fundador e jogador federado o grupo que em 1945 fundou o então Futebol Clube de Serpa, de que foi sócio que eu me lembre até aos anos 60. Dos primeiros tempos, dos tempos dos “Gatos Amarelos” contava com grande entusiasmo para além das vitórias (e algumas derrotas que as houve e muitas), a festa que era quando em dia de jogo a população ia em peso para as imediações do campo de futebol, sito num terreno baldio, não muito longe do local onde hoje se situa o Estádio, esperar os jogadores. O campo era careca, mas nem por isso o entusiasmo era menor. Os jogadores vinham equipados desde a Sede do Clube, correndo pelas ruas da vila, aplaudidos ou assobiados conforme as simpatias clubistas. O equipamento, bom, o equipamento se assim se pode chamar ao uso de cuecas e camisola interior, era branco. Mas, há sempre um mas, algum tempo depois tanto os jogadores como os adeptos foram confrontados com uma surpresa ... e que surpresa. Foi num domingo, quase à hora de mais um encontro, a outra equipa era de fora e os seus adeptos estavam preparados para desmotivar os de Serpa, ridicularizando-os por causa do equipamento. Foi então que no meio de grande euforia alguém (já não recordo o nome) entrou na Sede dos Gatos Amarelos, com grandes caixas onde eram transportados novinhos em folha os novos equipamentos, incluído “chuteiras”. Calções brancos, como os do Benfica, camisola de riscas verticais como as do Porto mas, verde e branco como o Sporting Clube de Portugal. Foi o delírio total. O entusiasmo do meu pai ao contar-me este episódio era tal que eu, quase podia visualizar, não só a alegria do meu pai, que era evidente, como a alegria e admiração de todos aqueles que mais uma vez ladeavam as ruas por onde os jogadores passavam. Nesse dia ganharam no campo, na admiração dos adeptos e viram os adversários meter a língua no saco. O meu pai foi jogador de futebol até aos seus 35 ou 36 anos.
Fotos: (nº. 1 "Os Encarnados" o meu pai é o jogador que se encontra mais à direita na foto, de notar as riscas horizontais deste equipamento); (nº. 2 cartão de sócio do Futebol Clube de Serpa nº. 193 de 1956); (nº. 3 Não sei que equipa é, reconheço dois dos jogadores o segundo a contar da esquerda na primeira fila salvo erro o Sr. Fausto Cação e o penultimo da mesma fila, meu tio José Bule). Em baixo o cartão da Federação Portuguesa de Futebol, Licença do jogador nº. 20516 época 1948/49 de primeira categoria, José dos Remédios Evaristo, meu pai.

terça-feira, julho 17, 2007

Vida Cultural - As Bibliotecas

Possui Serpa duas bibliotecas “A Biblioteca Municipal ou Biblioteca Correia da Serra” e a “Biblioteca Caloust Glubenkian” . A Biblioteca Correia da Serra foi criada no ano de 1904, mais precisamente a 6 de junho de 1904, por iniciativa de alguns Serpenses que assim quizeram prestar a sua homenagem a um dos maiores vultos do Portugal do sec. XVIII, um ilustrissimo filho de Serpa. Em 9 de Janeiro de 1931, encontrando-se a mesma em estado caótico foi convidado para a arrumar o poeta e jornalista João Gonçalves Bentes. Em 1950 porém, feito o inventário com base em livro de registo antigo verificou-se a falta de grande quantidade de livros pelo que foram publicados editais convidando os utentes à sua devolução. Nos anos 70 foi tarefa de João Cabral, a reorganização da Biblioteca no intuito de a colocar ao serviço da população, como era intenção dos seus fundadores o que veio a acontecer. A Biblioteca funcionou durante algum tempo no edificio da Câmara, passando depois para a Rua Dr. Luís de Almeida e Albuquerque, ocupando um edificio que foi em tempos a morada oficial do Juiz e onde também foi instalada a Biblioteca Calouste Gulbenkian. O Património bibliográfico ali existente é de cerca de 2000 volumes.

José Francisco Correia da Serra (Abade Correia da Serra)

Em 1966 foi inaugurada a Biblioteca Gulbenkian, numa pequena sala nas trazeiras do edificio da Câmara Municipal, mas já antes a Fundação com o mesmo nome fazia circular por várias terras, incluindo Serpa uma carrinha carregada de livros a que se dava o nome de Biblioteca intenerante, onde aqueles de nós que tinham o vício da leitura, saciavam a sua sede, uma vez que estava completamente fora de questão a compra de livros, tidos já nesse tempo, como produtos de luxo a que só alguns podiam aceder. Orgulho-me de pertencer ao conjunto dos primeiros leitores que de quinze em quinze dias, traziam para casa 3 a 5 livros. Conservo ainda o cartão de leitor. É com bastante alegria que constato a construção de um edificio condigno para a instalação do acervo da Biblioteca Municipal. Abaixo alguns dos livros editados pela Câmara Municipal de Serpa., e o meu cartão de leitor.

sexta-feira, julho 06, 2007

Vida Cultural - O Teatro

A cultura e as artes tiveram sempre um lugar especial na Vila de Serpa, para além de dois espaços de exibição de filmes, um ao ar livre junto ao Jardim e outro numa sala existente na Rua de Nossa Senhora, “Cine Parque Esperança” se bem me recordo. Também na Rua de Nossa Senhora, havia uma sala de espectáculos de que já falei, quando da publicação do (Recantos – 19) em que diziamos: - No ”TheatroThália”, cujo palco se situava onde antes tinha existido o altar-mor, da Igreja do Hospital da Misericórdia, na Rua de Nossa Senhora, representaram, além do grupo de teatro amador, residente, actrizes de grande prestígio do Teatro Português como Rosa Damasceno -. Acrescentamos agora que este Teatro, com Grupo Cénico residente, foi estabelecido por diversos cavalheiros abastados da vila, e que além dos dois grupos de Teatro Amador locais, este e o Gil Vicente, alí representaram também companhias ambulantes, tanto portuguesas como espanholas. Ao que sabemos Rosa Damascento terá até contracenado com um dos grupos de amadores de Serpa numa peça intitulada "Córa", podemos pois concluir que os nossos amadores eram actores de grande gabarito. O outro grupo de que tenho conhecimento era o "Grupo Cénico e Musical Serpense Gil Vicente" do qual deixo aqui registo atravéz do Bilhete de Identidade nº. 35 conferido a meu pai em 1943.
Já não consigo lembrar-me do nome de todos os actores que os meus pais enumeravam, mas lembro-me de que colaboravam frequentemente nestas representações a Srª. Dª. Maria Ana Bule Palminha; o Sr. Julio Nogueira e o Sr. Francisco Torrão, que mais tarde seria também o Mestre da Banda Filarmónica, de quem aliás ainda me recordo perfeitamente. Os dois primeiros figuram nas fotografias abaixo, as quais datam dos finais dos anos 40 do séc. passado.
Havia uma outra sala de espectáculos na Casa do Povo, de dimensões consideráveis para uma Vila do interior, na Rua da Fonte Santa. Era frequente passarem por Serpa, companhias de Teatro ambulante. Recordo-me da montagem de um barracão num terreno baldio nas imediações do Jardim, onde durante alguns dias foram representadas as peças como “A Rosa do Adro" e " Os Fidalgos da Casa Mourisca” onde não fui dados os meus 5 anos ou 6 anos. Depois de um interregno mais ou menos longo apraz-me registar o resurgimento em 1996, de um grupo de Teatro, ao que sei pela mão de Romão Janeiro, encenador e actor do Teatro Experimental de Pias. Ainda em 1996, o grupo constitui-se em associação e apresenta a peça “Um Caso Raro de Loucura”, de Henrique Galvão, Este Grupo que se tem exibido em diversas terras de norte a sul de Portugal, desenvolve ainda iniciativas de Teatro Infantil e Festivais de Teatro, em estreito intercâmbio com Grupos de diversos pontos do país. Abaixo a fachada principal do novo Cine Teatro e o interior da sala de espectáculos.

sábado, junho 30, 2007

Voltar a publicar 2

Voltando à temática deste blogue, cuja última publicação há meses, foi sobre o Monumento a Luiz Vaz de Camões, propomo-nos agora continuar.
Depois de termos percorrido a maior parte das ruas de Serpa, numa visita que nos levou do coração da Cidade, até aos arredores, de apreciamos as Ermidas pequenas e brancas que denotam aqui e ali a devoção das gentes da nossa terra, a Serra e o Guadiana, desde as Pontes ao Pulo do Lobo, detivemo-nos por momentos no Cante Alentejano, essa melopeia antiga que embalou a minha infância, visitámos os Museus e o Jardim, olhámos com alguma atenção os Fontanários e os tão caracteristicos Chafarizes, iremos debruçar-nos sobre a Cultura e o Desporto, ao mesmo tempo que continuaremos a passear por essas ruas cheias de recordações.
Veremos as ruas antigas, algumas que hoje com novas roupagens estão completamente diferentes senão irreconheciveis. Falaremos das lendas, histórias e milagres que estão associados a Serpa e também, de personagens da História, dos homens de cultura, dos Santos e outras figuras grandes que em Serpa nasceram. Enfim de toda a recolha que durante estes meses de silêncio fui juntando para vos oferecer.

terça-feira, junho 26, 2007

Voltar a publicar

Deixei de publicar porque (cabeça louca) perdi o código de acesso ao meu próprio blogue e só agora o recuperei. Agradeço todos os comentários que me tem enviado a maior parte deles de insentivo. Assim e porque não deixei de coleccionar fotos das Ruas de Serpa, vou preparar e voltar a publicar. Por último uma palavra para o único comentador, autor do blogue "BOLOTAONLINE" do qual usurpei 2 fotografias, tendo confessado a minha falta na caixa de comentários daquele blogue, com um pedido de desculpas deixando mesmo a indetificação do meu email, que transcrevo: - "De susete a 24 de Setembro de 2006 às 19:55 Não é de construções que venho falar e ainda menos de dores de cabeça (quenunca tive) o que aqui venho fazer é confessar um roubo. Pois é bolotaonline, encontrei umas fotos do antigo apeadeiro do Guadinada na antiga ponte de ligação Beja/Serpa e roubei-as para utilizar no blogue que estou a fazer sobre Serpa. À primeira vista o bolotaonline parecia desactivado, mas tanto tentei que consegui encontrá-lo. Assim queria pedir a devida autorização embora já as tenha utilizado. sse@netcabo.pt - http://serpa-eriovasti.blogspot.com" - me puxou as orelhas. Quero dizer-lhe caro bolota que não voltarei a fazer nem a visitar o seu blogue. A todos os outros mais uma vez o meu muito obrigada.

domingo, dezembro 03, 2006

Monumento a Camões

Este singelo monumento ao Poeta maior da lingua Portuguesa esteve desde a sua inauguração nos anos sessenta colocado frente ao edifício da Câmara Municipal porém com as obras efectuadas na referida praça, foi colocado junto ao Teatro Municipal. (por falar nas obras que a Praça da Républica sofreu devo dizer que ficou mais pobre a que deveria ser sala de visitas de Serpa, até o piso lhe deixaram desnivelado. É triste ver uma Praça que já teve Palmeiras e bancos de Jardim transformada em mera esplanada do Café Alentejano.