
domingo, dezembro 03, 2006
Monumento a Camões

sábado, dezembro 02, 2006
Outra vez o Bairro Operário
domingo, outubro 01, 2006
O Cante
Depois de ouvido o quase murmurejar do Guadiana, junto às Pontes, e o seu canto enraivecido, qual Otelo ao sentir-se traído por Desdemona, no Pulo do Lobo, voltamos a Serpa. E ao cair da noite ouviremos as vozes, ao mesmo tempo graves e melodiosas, sofridas, rijas e fortes do Cante do Alentejo. No tempo da minha juventude, não raro se ouvia em Serpa, pela calada da noite, ou alta madrugada levantarem-se vozes cantando, mas ninguém se incomodava, antes pelo contrário, algumas janelas entreabriam-se para melhor se escutarem essas vozes.Confesso que só mais tarde, longe, muito longe de Serpa reconheci a beleza do Cante Alentejano e aprendi o tom, as melodias, o quebrar das palavras, o arrastar das sílabas. Posso dizer que foi a saudade quem me ensinou. Corais de Serpa (fotos 1, 2 e 3)Quem me dera ser de SerpaOu em Serpa ter alguémSó para ouvir dizerÉs de Serpa Cantas bemComo ainda não sei colocar música no blogue deixo aqui algumas modas do Cante Alentejano, antigas, das de sempre.E também descantes.Lá vai o balão ao ar (descante)Lá vai o balão ao ar!Se ele vai, deixai-o ir !Ajuntem-se as moças todasP’ra verem o balão subir.P’ra verem o balão subir,P’ra verem o balão baixarAusentou-se o meu amor,Já não há quem saiba amar!Eu sou devedor à TerraEu sou devedor à terraA Terra me ‘stá devendoEu sou devedor à TerraA Terra me ‘stáA Terra paga-m’em vidaEu pago à terra em morrendoAlentejo, AlentejoTerra sagrada do pãoEu hei-de ir ao AlentejoMesmo que seja no VerãoVer o doirado do trigoNa imensa solidãoAlentejo AlentejoTerra Sagrada do PãoAo romper da bela aurora (moda)Ao romper da bela auroraSai o pastor da choupanaMeu lírio roxoSai o pastor da choupanaVem gritando em altas vozesMuito padece quem amaMeu lírio roxoMuito padece quem amaMuito padece quem amaMais padece quem adoraMeu lírio roxoMuito pedece quem ama.Não são de Serpa, são Alentejanos cantam bem e emocionam quem os ouve. Quero fazer aqui a minha homenagem aos mineiros de Aljustrel e ao Hino do Mineiro. ObrigadaO Hino do MineiroNas minas de S.JoãoLa la la la la la la laMorrerom quatro mineiros, vê láVê lá companheiro, vê láVê lá como venho eu...La la la la la la la laEu trago a camisa rotaLa la la la la la laE o sangue dum camarada, vê láVê lá companheiro, vê láVê lá como venho eu...La la la la la la la laLa la la la la la la laOh Senhora Santa BárbaraLa la la la la la la laPadroeira dos mineiros, vê láVê lá companheiroVê lá como venho eu...La la la la la la la laLa la la la la la la laEu trago a cabeça abertaLa la la la la la la la Abateu uma barreira, vê láVê lá companheiro, vê láVê lá como venho eu...La la la la la la la laLa la la la la la la laEu trago a camisa rotaLa la la la la la la laE o sangue dum camarada, vê láVê lá companheiro, vê láVê lá como venho eu...La la la la la la la laLa la la la la la la laOh Senhora Santa BárbaraLa la la la la la la laPadroeira dos mineiros, vê láVê lá companheiroVê lá como venho eu...La la la la la la la laLa la la la la la la la
domingo, setembro 24, 2006
O Pulo do Lobo
E sem dar por isso já estamos no Pulo do Lobo. A paisagem é agreste, brutal mas maravilhosamente bela, como todas as paisagens ainda virgens. E a água do Rio Guadiana que sentindo-se apertado entre as margens comprimidas, zanga-se, barafusta e sai com um grande estrondo que nos assusta, mas também nos seduz, extasia e nos esmaga com a sua beleza selvagem. A última vez que estive no Pulo do Lobo foi, à sombra da árvore que na primeira foto aparece caída, que fizemos o almoço. Foi com mágoa que a vi assim, caída no chão, arrancada pela raiz.
Das grutas escavadas nas rochas, uma há, de difícil acesso, a que só se atreviam noutros tempos aqueles que faziam do contrabando a sua profissão. Dizem, pois nunca me atreveria a descer até lá, que as águas do rio escavaram e moldaram toscos bancos de pedra dizem até que uma das rochas que se assemelha a uma mesa, é a chamada “Sala dos Contrabandistas”, quanto a mim é a mais uma vez a natureza a ajudar os humanos.
A Serra de Serpa



As Pontes do Guadiana
O Guadiana é vê-lo calmo, sereno, ondulando por entre as pontes, a de ferro, centenária, por ela passavam até há cerca de 30 anos, a autómotora, todo o tipo de veículos, pessoas e gado. Enquanto uns passavam ou outros tinham de interromper a sua marcha, não só para passar o combóio, como também para passar á vez, de Beja para Serpa ou de Serpa para Beja, pois não podiam cruzar-se a velhinha ponte não tinha largura para isso.![]()
E havia o apeadeiro *
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O edificio do apeadeiro do Guadiana não só servia de entreposto para entrada e saída de passageiros na automotora que fazia o percurso do ramal de Beja a Moura, como era morada da pessoa ou pessoas que controlavam a passagem dos veículos, que atravessavam a ponte, de uma margem para a outra.
Então, no princípio da década de 70 deu-se início à construção da ponte rodoviária de que se sentia a falta há muito tempo.*As fotografias do apeadeiro do Guadiana (roubei-as) do site “bolotaonline” que se apresentou desactivado e sem possibilidade de solicitar a devida autorização para reproduzir as fotografias, assim peço desculpa a quem de direito, mas não consegui fugir à tentação.
O Rio Guadiana
Depois de ruas, igrejas, cantos e recantos monumentos e Jardins, vamos sair da cidade. Visitaremos primeiro a agua, que é como quem diz o Guadiana. Passando a alguns quilómetros da cidade, não deixa por esse facto, de banhar terras de SerpaO Rio GuadianaDescendo o rio encontramos as velhas azenhas ou moinhos do Guadiana, não se sabe quando foram construídas mas moeram o trigo até há bem pouco tempo.Os moinhos ou Azenhas do Guadiana
sábado, setembro 23, 2006
Outras Igrejas de Serpa (4)


Outras Igrejas de Serpa (3)

Outras Igrejas de Serpa (2)
Quem chega a Serpa vindo das bandas de Beja encontra junto à estrada mesmo à entrada de Serpa, uma pequena Ermida de traça mudéjar com alpendre a cobrir o pórtico. Não se conhece nada acerca da sua construção, que se calcula ser do séc. XVI. Nos idos dos anos 50 ainda se fazia a sua festa, não me lembro em que dia do ano.. A festa constava de procissão e os organizadores para angariar o dinheiro necessário vendiam fitinhas com pedidos de Graças que os devotos amarravam aos pulsos até receberem do santo a satisfação do milagre pedido.Ermida de S. PedroNo caminho que leva ao sitio da Fonte Nova, (Quinta da Fonte Nova a minha casa) depois de passar o Bairro operário, junto à piscina municipal, encontramos, sob a invocação do apóstolo São Pedro, uma pequena Ermida com as mesmas características da de S. Sebastião, presumindo-se datar também do séc. XVI, tendo à ilharga uma casa térrea, destinada ao ermitão. No dia de S. Pedro há alguns anos atrás havia grandes festas, com missa, procissão à volta da igreja e a culminar um bailarico popular no adro da Igreja. Também não faltava a venda de cabazes com fogaças (espécie de pão doce, ornamentado de amêndoas ou alcagoitas*) em forma de argola que as moças enfiavam no braço. *Alcagóitas, fruto seco a que também se dá o nome de ervilhanas, ou, mais comumente amendoins.
Outras Igrejas de Serpa (1)
Já antes me tinha referido a esta Igreja do Santuário, sita na confluência das Ruas da Barbacã, da Cadeia e do Escorregadio.Foi sede da Ordem Terceira de Nossa Senhora do Monte do Carmo e nas instalações anexas, funcionou a Conferência de S. Vicente de Paulo, fundada em Paris em 23 de Abril de 1833. Esta organização que se dedicava à prática da caridade junto dos pobres foi trazida para Portugal por Francisco Lemos Faria Pereira Coutinho, 1º. Conde de Aljezur.Desde há quase dois anos que se encontra em obras de recuperação.A Igreja do CalvárioNa rua do Calvário existe uma pequena capela, conhecida pela Igreja do Calvário das Pedras Negras, por, nas suas paredes haver em saliência pedras pintadas de preto. Não se sabe a data da sua construção presumindo-se ser de meados dos séc. XVIII. As imagens que ali se encontram são todas referentes à paixão e morte de Cristo.Nos anos 50 e 60 havia quem aliasse esta igreja a manifestações de bruxaria uma vez que se dizia, que em noites de sexta-feira eram vistas mulheres de negro ajoelhadas no pátio e que as mesmas seriam bruxas.O povo andava em polvorosa mas, cada um tem a sua fé e nada ficou provado.
A Igreja de S. Salvador
Muito antiga, desconhece-se a data da sua construção, é porém já conhecida em 1406 quando da assinatura do compromisso dos colmeeiros da Serra de Serpa, que ali teve lugar, situava-se então no arrabalde da Vila. A fachada desta Igreja é simples, ornamentada apenas por duas janelas, clarabóia redonda e com uma escadaria de seis ou sete degraus de acesso à entrada, em forma de meia lua tem ainda uma torre sineira, quadrangular. O interior de uma só nave é coberto por grande abobada de berço, que vai desde a entrada até ao altar-mor. Tem seis capelas laterais, dois púlpitos e painéis de azulejos em branco e azul. Lembro que em criança ficava muitas vezes a olhar aquela abobada com pinturas religiosas porém, à cerca de vinte anos fiquei muito desiludida. Não sei de quem foi a ideia e se as pinturas existentes se estavam a deteriorar, o certo é que, em vez de obras de restauro optou-se pela solução mais fácil, pintando-se de branco as paredes e a abobada da Igreja, perdendo-se para sempre os frescos que a ornamentavam.